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Metaverso: aumentam as publicações científicas sobre o tema

Texto por: Dr. Cristiano Fernandes, Médico e co-fundador da Grifolabs

Metaverso é uma palavra que vem figurando entre as palavras mais faladas deste ano. Muito se fala, mas poucos são os que realmente entendem o que é e como utilizar o metaverso com profundidade. A busca sobre esse termo na internet cresceu 7200% nos últimos 12 meses, mas a pergunta não respondida é: como utilizar o metaverso?

Em 2021 companhias ligadas ao Metaverso captaram mais de US$10 Bi. Nos últimos 12 meses, somente a Épica Games detentora do jogo Fortnite captou US$3 Bi, e estima-se que o valor global envolvido nesse ecossistema esteja na casa dos trilhões.

Segundo a definição de Matthew Ball (Venture Capitalist), metaverso abrange ambientes imersivos, muitas vezes (mas nem sempre) utilizando tecnologia de realidade virtual ou aumentada.

Mas alguns pontos extrapolam essa definição e de forma mais ampla, podemos definir o metaverso como um ecossistema tecnológico, desterritorializado, que concentra tecnologias como blockchain, realidade virtual, aumentada, 3D, inteligência artificial entre outras e que primariamente tem papel no estabelecimento de relacionamentos interpessoais, e que utiliza de recursos imersivos para aumentar a percepção deste ambiente como um ambiente real. Existindo em tempo real e síncrono com a realidade, ou seja existe ao mesmo tempo que o indivíduo.

Este ambiente tem uma economia própria, baseada em confiança mútua estabelecida pelos agentes da comunidade que o criou e validados por algoritmos de blockchain, de maneira totalmente descentralizada e autônoma, como um organismo vivo, e muitas vezes (mas nem sempre) construída sobre moeda criptográfica e bens e ativos digitais, incluindo tokens não fungíveis (NFTs).

O metaverso difere das tecnologias bidimensionais, como televisão, cinema e telas de computador que são persuasivas em sua essência, ou seja, capazes de influenciar o usuário, mas não de mudá-lo o que é possível com o metaverso já que este torna possível a interação física com usuário, permitindo que este crie e desenvolva relacionamentos com outros seres humanos de forma virtual, criando uma história única dentro deste ambiente.

Esse desenvolvimento pessoal no metaverso, é baseado na aceitação conjunta de acordos simbólicos, que criam uma cultura desterritorializada, e que gera valor baseado nas relações de pertencimento desta comunidade.

Olhando de perto, criamos metaverso desde nossos primeiros passos como humanidade, em histórias que vivemos, lendas que contamos e sonhos que vivenciamos. Isso só pode ser potencializado com a tecnologia, e mais importante de tudo e talvez a chave para a questão primordial seja que com essa tecnologia é possível que todos estejam no mesmo sonho.

Essa padronização no assim chamado, sonho coletivo, entrega a mesma necessidade de pertencimento de grupo a todos. Cada uma a sua maneira, mas todos ao mesmo tempo, o que gera, pelas mesmas convenções dos acordos simbólicos à criação de um comercio, e de relações hierárquicas, agora baseadas no valor agregado dos bens virtuais ou nas comunidades criadas.

A área da saúde não ficaria de fora, pelo simples fato de cuidar do ser humano, e de que este ecossistema é fundamentalmente humano, baseado em relações e reflexo dos movimentos e necessidades humanas.

O que estamos vendo é um aumento exponencial nas investidas sobre saúde neste ecossistema. O número de publicações em revistas indexadas no ano de 2021 inteiro como mostrado no PubMed contou com 9 artigos indexados com o termo “metavarse”, enquanto somente na primeira metade deste ano (2022) já se somam 41 artigos indexados.

Figura 1 – Gráfico de Publicações Contendo o termo “metaverse”, indexados no PubMed (2007 – Jun 2022)

A potencialização da telemedicina pela COVID-19, mostrou ser possível conduzir um atendimento de forma não presencial e com qualidade. A realidade criada pelo metaverso pode potencializar esse tipo de contato por colocar médico e paciente virtualmente em um mesmo lugar, e por imitar seus corpos e movimentos, criando uma modalidade de propedêutica nova.

A Realidade Virtual pode ajudar a reduzir a dor, auxiliar no cuidado à saúde mental, e ser especialmente útil no tratamento de fobias e Síndromes de stress pós-traumático.

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