Após quatro anos de testes e diversas prorrogações, o Google surpreendeu ao recuar em sua decisão de eliminar os cookies de terceiros, contradizendo o que vinha sendo amplamente divulgado pelo próprio buscador. Conhecido por suas constantes atualizações, como o recente June 2024 Spam Update, que aprimorou a detecção de spam em suas buscas, o Google agora faz um movimento inesperado ao anunciar a continuidade dos cookies de terceiros.
Essa mudança foi revelada na segunda-feira, 22 de julho de 2024, após uma série de testes e considerações envolvendo diversos players do mercado, incluindo gigantes do setor de publicidade e reguladores britânicos, como a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) e o Gabinete do Comissário de Informação (ICO).
Ao invés de banir os cookies, o Google apresentou uma nova proposta: uma “nova experiência no Chrome”, na qual os usuários terão mais controle e flexibilidade sobre suas preferências de rastreamento, permitindo ajustes conscientes e dinâmicos a qualquer momento.
O que são cookies de terceiros ou third-party cookies?
Cookies de primeira parte são os “bons moços” em nossa história. Esses são cookies criados pelo site que você está visitando. Eles desempenham um papel significativo em aprimorar a experiência do usuário. São como o melhor tipo de amigo, sempre lembrando de suas preferências, como a configuração de idioma, itens adicionados ao carrinho ou até mesmo o fato de você ter feito login para que não precise digitar sua senha a cada clique.
Além disso, os cookies de primeira parte são considerados bastante respeitosos em relação à privacidade do usuário. Eles são gerados e armazenados pelo mesmo domínio que você está visitando e geralmente não rastreiam sua atividade de navegação em outros sites.
Cookies de terceiros, por outro lado, são mais como os “vizinhos fofoqueiros” do mundo digital. Esses cookies são criados por domínios diferentes daquele que você está visitando, e eles possibilitam certas funcionalidades, como direcionamento de anúncios, rastreamento entre sites e retargeting. Essencialmente, esses cookies ajudam os profissionais de marketing a acompanharem você pela web com anúncios relevantes, lembrando-o daquele par de tênis que você apenas deu uma olhada ou da viagem que você estava sonhando.
Imagem Fonte WorldStream
A Jornada dos Cookies de Terceiros no Google: de Promessas à Reviravolta
Nos últimos anos, o Google tem sido protagonista em uma das discussões mais quentes da internet: o futuro dos cookies de terceiros. Desde o anúncio inicial de que esses rastreadores seriam eliminados, a história passou por uma série de ajustes e reviravoltas, culminando na decisão de reverter essa proposta no dia 22 de julho de 2024. Vamos recapitular os principais acontecimentos que marcaram essa trajetória:
O grande anúncio: fim dos cookies de terceiros
Em seu anúncio original, o Google declarou que eliminaria os cookies de terceiros no Chrome, uma medida vista como essencial para atender à crescente demanda dos usuários por privacidade online. A ideia era promover uma web mais segura, onde a coleta de dados seria menos invasiva, exigindo uma evolução na forma como a publicidade digital é feita.
O nascimento do Privacy Sandbox
Em março de 2020, o Google lançou o Privacy Sandbox, um conjunto de iniciativas que prometia uma internet saudável e sustentada por anúncios, sem a necessidade de cookies de terceiros. O Privacy Sandbox surgiu como a principal alternativa para rastreamento e segmentação, equilibrando privacidade e negócios.
Primeiro adiamento: mais tempo para adaptação
Em junho de 2021, o plano de eliminar os cookies de terceiros foi postergado para 2023. A decisão deu mais tempo para que anunciantes, desenvolvedores e agências ajustassem suas estratégias e adotassem as novas tecnologias propostas pelo Privacy Sandbox.
O surgimento do Topics
No início de 2022, o Google apresentou o Topics, uma nova solução que utilizaria interesses genéricos dos usuários para direcionar anúncios, mantendo a privacidade. Essa ferramenta era vista como o próximo passo na transição para um ambiente digital sem cookies de terceiros.
Novo adiamento para 2024
Em julho de 2022, o cronograma foi adiado novamente, empurrando a eliminação dos cookies de terceiros para o segundo semestre de 2024. A indústria teve mais tempo para se preparar, mas as dúvidas sobre a viabilidade das alternativas do Google cresceram.
Os primeiros passos para o fim
Em janeiro de 2024, o Google começou a limitar o acesso aos cookies de terceiros para 1% dos usuários do Chrome, como uma fase inicial do processo de eliminação. O objetivo era finalizar a transição até o final do ano.
A reviravolta: o Google muda de planos
Em abril de 2024, após muitos testes e intensa pressão de reguladores britânicos, o Google anunciou que não eliminaria mais os cookies de terceiros. Em vez disso, os usuários teriam a liberdade de fazer “escolhas informadas” sobre suas preferências de rastreamento, ajustando-as quando necessário.
Conclusão: mais poder para os usuários
Ao optar por não descontinuar os cookies de terceiros, o Google justificou sua decisão como uma maneira de dar mais autonomia aos usuários. A empresa continua comprometida com o desenvolvimento do Privacy Sandbox e outras soluções que equilibram privacidade e eficiência no ecossistema publicitário.
Essa reviravolta marca um novo capítulo no debate sobre privacidade online, com o Google reforçando a importância do controle nas mãos dos usuários enquanto busca manter a publicidade digital funcional e sustentável.
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Por que o Google decidiu manter os cookies de terceiros?
A recente decisão do Google de recuar e manter os cookies de terceiros no Chrome não foi por acaso. Ela reflete um entendimento mais profundo dos desafios envolvidos na eliminação dessa tecnologia e o impacto potencial para todo o ecossistema digital. Mas o que realmente levou o Google a mudar de rumo? Vamos explorar os principais fatores:
Pressão da indústria e dos reguladores
Desde que o Google anunciou, em 2020, sua intenção de descontinuar os cookies de terceiros, a empresa enfrentou forte resistência. Anunciantes, publishers e reguladores, como a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) e o Gabinete do Comissário de Informação (ICO) no Reino Unido, manifestaram preocupações sobre os efeitos colaterais dessa mudança. A pressão para equilibrar a privacidade dos usuários com a sustentabilidade financeira dos negócios foi decisiva.
Complexidade técnica e econômica
A jornada para substituir os cookies de terceiros por alternativas como o Privacy Sandbox foi mais desafiadora do que o esperado. Soluções como o FLoC e o Topics, embora promissoras, esbarraram em questões técnicas e careceram de uma aceitação ampla na indústria. Além disso, a importância dos cookies para a personalização de anúncios e o rastreamento de usuários mostrou que a eliminação abrupta dessa ferramenta poderia causar uma queda expressiva nas receitas publicitárias, prejudicando a viabilidade de muitos negócios.
Controle nas mãos do usuário
Ao invés de simplesmente eliminar os cookies, o Google decidiu mudar sua estratégia, focando no empoderamento do usuário. Agora, a ideia é oferecer uma experiência de navegação mais transparente, na qual as pessoas possam gerenciar suas preferências de rastreamento de forma clara e ajustável. Esse novo modelo promete um equilíbrio entre privacidade e funcionalidade, permitindo que o usuário tome decisões informadas sobre como seus dados são utilizados.
Um meio-termo para todos
Ao manter os cookies de terceiros, o Google busca atender tanto às demandas por mais privacidade quanto à necessidade de manter um ecossistema publicitário saudável. A empresa segue investindo em inovações como o Privacy Sandbox, mas agora com uma abordagem mais centrada no usuário e flexível, respeitando a realidade complexa do mercado. Esse movimento mostra que, quando se trata de tecnologia e privacidade, a solução nem sempre é preto no branco, mas sim um caminho do meio que equilibre as diferentes necessidades.
Google Busca equilíbrio entre privacidade e rentabilidade
A recente decisão do Google de manter os cookies de terceiros no Chrome reflete a complexidade por trás dessa questão. Apesar de não eliminar esses rastreadores como prometido inicialmente, a gigante da tecnologia continua empenhada em proteger a privacidade dos usuários por meio de projetos como o Privacy Sandbox.
Essa nova abordagem coloca o usuário no centro da experiência, buscando um equilíbrio entre a proteção dos dados e a sustentabilidade do mercado digital. À medida que a publicidade online se transforma, o futuro dos cookies e suas alternativas emergentes permanecem temas de debate intenso e inovação constante.
Essa mudança também ressalta a relevância do marketing orgânico. Com a mídia paga no Google enfrentando incertezas e adaptações contínuas, manter-se atualizado sobre as tendências e atualizações no maior navegador do mundo é essencial para estratégias eficazes e sustentáveis.
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